Novo documento de consenso de especialistas da América Latina sobre o papel e o valor do diagnóstico diferencial de infecções respiratórias agudas por meio de estratégias de testes rápidos no ponto de atendimento.

Neste novo documento de consenso, um grupo de sete especialistas da América Latina (LATAM) explora o papel e o valor do diagnóstico diferencial no manejo das Infecções Respiratórias Agudas (IRAs) por meio de testes rápidos no ponto de atendimento (POC), com foco em sete países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Peru.

As evidências indicam que os testes rápidos no POC podem servir para aprimorar o manejo de casos de IRA, a vigilância epidemiológica, a pesquisa e a inovação e a tomada de decisão com base em evidências.

À medida que os países passam para um estágio endêmico, é crucial priorizar os testes e a vigilância para a COVID-19, influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR). Essa ênfase é essencial devido ao potencial surgimento de novas variantes, ao reconhecimento de que nem a vacinação nem a infecção anterior garantem imunidade e ao risco de complicações das IRAs, incluindo sequelas da COVID longa e da influenza.

Impacto das IRAs e da COVID-19 na América Latina

Até 22 de novembro de 2023, a OMS informou 772.166.517 casos confirmados de COVID-19, resultando em 6.981.263 mortes em todo o mundo. As mortes informadas na região são calculadas em 2.983.561, o que equivale a aproximadamente 42,7% das mortes associadas confirmadas em todo o mundo.

Passando a ser endêmica?

Ao declarar o fim da COVID-19 como emergência de saúde pública, a OMS não quis dizer que a COVID-19 não é mais uma ameaça global; apenas que a fase aguda da pandemia acabou. A COVID-19 não desaparecerá, mas os países poderão fazer a transição incorporando medidas relacionadas à COVID-19 em serviços e programas de saúde de rotina, eventualmente atingindo um estágio endêmico.

O Papel e o Valor dos Testes Rápidos no POC

À medida que o mundo avança para um cenário pós-pandemia, todos os tipos de testes continuarão a ter uma função crítica do ponto de vista da saúde pública. Realizados fora dos ambientes laboratoriais tradicionais e mais próximos dos pontos de atendimento ao paciente, os testes no ponto de atendimento permitem um diagnóstico descentralizado, rápido, sensível e de baixo custo.

Os testes no POC podem fornecer:

• Identificação de doenças e manejo de casos.
• Monitoramento de doenças e vigilância epidemiológica.
• Mudança de comportamento.
• Redução de barreiras à assistência médica.
• Planejamento de políticas e investimentos em P&D.

O valor do diagnóstico diferencial para o manejo de casos de influenza pode ser facilmente reconhecido por aqueles que tomam decisões, dada a disponibilidade de tratamentos e profiláticos antivirais.

Investimento em inovação; Vacinas e Tratamento

Uma visão geral das vacinas e tratamentos disponíveis e em desenvolvimento para IRAs demonstra um investimento considerável em inovação. O desenvolvimento de novas tecnologias pode dar a oportunidade de questionar o papel e o valor do diagnóstico diferencial das IRAs, uma vez que o diagnóstico pode ser uma porta para o acesso ao tratamento adequado.

As tecnologias em desenvolvimento para IRAs, incluindo as vacinas e os tratamentos, dão a oportunidade de discutir a necessidade de aprimorar as capacidades dos testes diagnósticos. As evidências indicam que o diagnóstico oportuno e descentralizado pode:

• Reduzir o uso desnecessário ou prolongado de antibióticos (administração antimicrobiana).
• Melhorar a prescrição antiviral.
• Reduzir infecções recorrentes e infecções secundárias persistentes.
• Hospitalizações e ônus às instalações de saúde secundárias e terciárias.
• Reduzir as estadias em hospitais ou pronto-atendimento.

Os benefícios de continuar a investir em políticas de testes podem superar os custos associados ao ônus econômico imposto aos sistemas de saúde no futuro.

Teste no POC, o caminho a seguir?

Os autores concluem que há evidências indiscutíveis do papel e do valor das estratégias dos testes no POC, especialmente para os países da América Latina. As informações coletadas por meio dos testes rápidos no POC podem servir para melhorar o manejo de casos, a vigilância epidemiológica, a pesquisa e a inovação e a tomada de decisões com base em evidências.

Com vários tipos de testes rápidos disponíveis para POC, as decisões sobre quais testes utilizar exigirão consideração cuidadosa sobre o objetivo do teste e dos recursos disponíveis, ao mesmo tempo em que equilibram as características do teste em relação a precisão, acessibilidade, preço acessível e tempo de resposta dos resultados.

As organizações internacionais expressaram preocupações claras e reconheceram o papel fundamental que os testes continuarão a desempenhar no manejo da COVID-19 e de outras IRAs no futuro.

Com base nas evidências revisadas, este documento de consenso apresenta um conjunto de 24 recomendações para a inclusão e implementação adequadas de estratégias de testes POC em países da América Latina no contexto de um cenário pós-pandemia.

* Este artigo foi desenvolvido a partir de informações fornecidas no documento de consenso, Diagnóstico diferencial no tratamento de infecções respiratórias agudas (IRA) por meio de testes rápidos no local de atendimento em um contexto pós­pandêmico na américa latina: foco especial na  Covid-19, Influenza e Virus Sincicial Respiratório, de autoria de: Carlos Arturo Alvarez-Moreno, Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, Elsa Baumeister, Katya A. Nogales Crespo, Alexis M. Kalergis, José Esteban Muñoz Medina, Pablo Tsukayama e Cesar Ugarte-Gil.